Amor
No fim de semana li um texto que vem mesmo apropriado à época, decidi colocar aqui alguns excertos..
"Não surpreeende que a festa dedicada à amorosidade - o Dia de S.Valentim-antecipe o ínicio da Primavera em poucas semanas, como se pretendesse ajudar a acordar as sensibilidades humanas da hibernação do Inverno. O romantismo perfuma o ar da Primavera: as flores surgem exclusivamente para serem postas em ramos de homenagem aos amantes; os fabricantes de chocolate avaliam os lucros. Contudo, apesar das aparências, os tipos de amor que têm mais importância para nós não são os que pupulam nos romances e nos ecrãs de cinema. São, ao invés, os tipos de amor que nutrimos pela família, pelos amigos e camaradas: estes são os amores que subsistem ao lomgo da maior parte da nossas vidas, fornecendo-nos o nosso sentido de auto-estima, a nossa estabilidade e a estrutura para as outras relações"
"Os gregos tinham palavras diferentes para as diversas manifestações do amor. Falavam de agape, amor altruísta ( em latim, caritas, o que nos deu - a palavras caridade).
Falavam de ludus, a afeição despreocupada das crianças e dos amantes ocasionais, e pragma, o entendimento que existe entre um casal de longa data. Falavam de storge, o amor que floresce entre irmãos e companheiros de armas que viveram muitas peripécias em conjunto, e de mania, que é a obcessão. E relacionaam o último com eros, ou paixão sexual. Pensavam que o amor, em todas as suas formas, era de inspiração divina, no caso do último por Afrodite"
"Tanto Platão como o seu discípulo Aristóteles... colocaram por isso a amizade no cume da vida emocional, relegando para um plano inferior o amor que necessita de expressão física. Para muitos gregos, a ataraxia, que significa "paz de espírito", era um bem precioso que estava sempre sob a ameaça do amor sexual e suas obcessões e ciúmes, razão pela qual Sófocles louvava a velhiçe por libertar a humanidade daquilo que ele chamava a "tirania" do desejo sexual"
"As pessoas tentam amar como os montanhistas tentam escalar o Evareste: trepam com o auxílio dos pés e das mãos, e acabam por acampar no sopé da montanha, ou a meio da ascensão, onde quer que os seus compromissos os deixem. Alguns chegam suficientemente alto para ver a vista, que todos sabemos ser magnífica, pois todos a vislumbrámos já em sonhos. E é precisamente disso que trata a festa de S.Valentim: o sonho do amor. A vida seria realmente amarga se o sonho nunca se tornasse realidade, ou se as principais experiências de amor na nossa vida - storge, pragma, ludus, agape - não fossem suficientemente duradouras e estabilizadoras para nos salvar quando as tempestades do eros e da mania nos assolam - trazendo beatitude, mas semeando a destruição atrás de si."
in "O significado das coisas"
A.C. Grayling
A todos os que sonham ou vivem o sonho do amor
"Não surpreeende que a festa dedicada à amorosidade - o Dia de S.Valentim-antecipe o ínicio da Primavera em poucas semanas, como se pretendesse ajudar a acordar as sensibilidades humanas da hibernação do Inverno. O romantismo perfuma o ar da Primavera: as flores surgem exclusivamente para serem postas em ramos de homenagem aos amantes; os fabricantes de chocolate avaliam os lucros. Contudo, apesar das aparências, os tipos de amor que têm mais importância para nós não são os que pupulam nos romances e nos ecrãs de cinema. São, ao invés, os tipos de amor que nutrimos pela família, pelos amigos e camaradas: estes são os amores que subsistem ao lomgo da maior parte da nossas vidas, fornecendo-nos o nosso sentido de auto-estima, a nossa estabilidade e a estrutura para as outras relações"
"Os gregos tinham palavras diferentes para as diversas manifestações do amor. Falavam de agape, amor altruísta ( em latim, caritas, o que nos deu - a palavras caridade).
Falavam de ludus, a afeição despreocupada das crianças e dos amantes ocasionais, e pragma, o entendimento que existe entre um casal de longa data. Falavam de storge, o amor que floresce entre irmãos e companheiros de armas que viveram muitas peripécias em conjunto, e de mania, que é a obcessão. E relacionaam o último com eros, ou paixão sexual. Pensavam que o amor, em todas as suas formas, era de inspiração divina, no caso do último por Afrodite"
"Tanto Platão como o seu discípulo Aristóteles... colocaram por isso a amizade no cume da vida emocional, relegando para um plano inferior o amor que necessita de expressão física. Para muitos gregos, a ataraxia, que significa "paz de espírito", era um bem precioso que estava sempre sob a ameaça do amor sexual e suas obcessões e ciúmes, razão pela qual Sófocles louvava a velhiçe por libertar a humanidade daquilo que ele chamava a "tirania" do desejo sexual"
"As pessoas tentam amar como os montanhistas tentam escalar o Evareste: trepam com o auxílio dos pés e das mãos, e acabam por acampar no sopé da montanha, ou a meio da ascensão, onde quer que os seus compromissos os deixem. Alguns chegam suficientemente alto para ver a vista, que todos sabemos ser magnífica, pois todos a vislumbrámos já em sonhos. E é precisamente disso que trata a festa de S.Valentim: o sonho do amor. A vida seria realmente amarga se o sonho nunca se tornasse realidade, ou se as principais experiências de amor na nossa vida - storge, pragma, ludus, agape - não fossem suficientemente duradouras e estabilizadoras para nos salvar quando as tempestades do eros e da mania nos assolam - trazendo beatitude, mas semeando a destruição atrás de si."
in "O significado das coisas"
A.C. Grayling
A todos os que sonham ou vivem o sonho do amor
1 Comments:
"grandes amores e grandes realizações envolvem grandes riscos".
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